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Assistentes sociais ocupam as ruas de Brasília no 16º CBAS

Assistentes sociais, estudantes, movimentos sociais e entidades representativas da profissão presentes no 16º CBAS foram para a Rodoviária do Plano Piloto, na última quinta-feira (01/11), onde se somaram ao povo nas ruas, para protestar contra os retrocessos do governo Bolsonaro, pela manutenção dos direitos conquistados, por emprego para a população e também por respostas para o extermínio da população negra, representado pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), da menina Aghata Felix no Rio de Janeiro, do pedreiro Amarildo dos Santos, dentre outros/as.

O ato, que foi acompanhado por quem passava pela rodoviária na noite desta quinta-feira (31), seguiu pela Esplanada dos Ministérios, até a Biblioteca Nacional de Brasília, parando o transito da capital e angariando o apoio de pessoas, que desceram dos ônibus para se somar à manifestação.

“Não aceitamos mais retrocessos!”, “Queremos empregos!, “Queremos condições de trabalho”, “Não aceitaremos retrocessos nas políticas sociais!”. Foi com essas e outras palavras de ordem que o segundo dia do 16º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) foi preenchido.

As atividades da tarde do dia 31 de outubro começaram com a mesa/ato político “4 décadas da ‘virada’: reafirmando o compromisso do Serviço Social com a classe trabalhadora e contra o racismo” e terminaram com os/as assistentes sociais e estudantes participantes do evento ocupando as ruas da capital federal em defesa dos direitos de todos/as os/as trabalhadores e contra os retrocessos em todas as áreas. O grupo de rap “África Tática”, da cidade de Planaltina (DF), fez apresentações culturais durante as falas da mesa.

A mesa foi coordenada pela conselheira do CFESS Lylia Rojas e pela professora da PUC-SP Beatriz Abramides. “A luta que a gente faz é indo pras ruas, mas apontando que é com os movimentos sociais e populares que a gente constrói o projeto que defendemos e fortalece a luta em defesa da classe trabalhadora desse país, na qual nos inserimos”, destacou a conselheira do CFESS.

A professora Beatriz Abramides relembrou que, em 1979, a “virada” do Serviço Social, só foi, porque, naquele momento, “nós, assistentes sociais, mulheres e homens, estávamos articulados/as com a luta de classes que se processava no pais, colados no movimento sindical classista que se iniciava, com os trabalhadores rurais que lutavam pela terra, na luta pela moradia, pela saúde pública, pelos direitos de trabalhadores/as, na luta contra a ditadura, na luta anti-imperialista. A luta que ali fazíamos é a luta que aqui fazemos”, bradou a assistente social.

E foi com movimentos sociais, centrais sindicais e entidades do movimento negro que o 16º CBAS se juntou nesta mesa, que teve a participação do Movimento Negro Unificado (MNU), Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Central Sindical Popular (CSP-Conlutas), Central Única dos trabalhadores (CUT), Intersindical, Unidade Classista, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

As/Os representantes dos movimentos destacaram a necessidade urgente de trazer, para a centralidade do debate no Serviço Social, a questão racial e de gênero, tendo em vista que o rebatimento da regressão de direitos, do corte nas políticas publicas é mais grave na população de mulheres negras e pobres das cidades.

 

Entidades do Serviço Social no debate

Antes de ir pras ruas de Brasília, a mesa também contou a representação do CFESS, com a conselheira Mauricleia Soares; da Enesso,  com a estudante de Serviço Social Brenda Rodrigues e da Abepss, com a professora da UFF Adrianyce de Sousa, que afirmou categoricamente: “resistir é a única direção que temos para avançar! Por isso, defendemos a universidade publica, gratuita, laica e de qualidade, articulada com os movimentos sociais aliados!”.

Visivelmente emocionada com a mesa, que reproduziu a ‘virada’ do Serviço Social contra o conservadorismo em 1979, a conselheira do CFESS Mauricleia Soares enfatizou: “estamos aqui para reafirmar um dos princípios de nosso Código de Ética, que é a articulação com os movimentos sociais, na luta por uma sociedade livre de exploração, de racismo, de machismo, de homofobia”. E completou: “O que nós queremos e vamos fazer é reforçar a unidade de trabalhadores/as, para lutar contra os retrocessos, a exemplo da mais recente contrarreforma da previdência, que vai atingir todos nós, assistentes sociais, em especial as mulheres pretas e pobres”.

 

 

Fonte: Conselho Federal de Serviço Social – CFESS